domingo, 25 de novembro de 2018

A QUEM INTERESSA A PRIVATIZAÇÃO DOS BANCOS ESTATAIS?

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        Numa campanha mentirosa em 1989, o então candidato Collor de Melo afirmava a necessidade da privatização dos bancos públicos em virtude de, segundo ele e seus assessores, serem ‘elefantes’ ineficientes e cheios de marajás. Agora, quase 20 anos depois, numa reedição malfeita dessa mesma campanha, o fascista Bolsonaro e seu ministro privatista Paulo Guedes reafirmam essa necessidade. Agora, com a justificativa de ‘limpar’ dos bancos a corrupção e ampliar sua eficiência, esses desalmados afirmam privatizar em partes esse patrimônio do povo brasileiro.
       Ora, em primeiro lugar, vejamos se os bancos estatais, em especial, os 2 maiores, o Banco do Brasil e a CAIXA, são ineficientes. A Caixa Econômica Federal é o maior financiador para compra de imoveis do país, detendo 69% de todos os contratos, além de operar com o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Em 2018, chegou a R$ 440,5 bilhões em financiamentos, tendo também crescido os empréstimos para agricultores. Nesses primeiros 9 meses houve crescimento de 83,7% do lucro da empresa, totalizando R$ 11,5 bilhões. É também o banco com maior volume de poupanças: R$ 284,5 bilhões. Já o Banco do Brasil é o maior financiador dos pequenos e médios agricultores, embora uma parcela significativa dos recursos fique à disposição dos grandes latifundiários. Possui R$ 91,4 bilhões emprestados para esse setor. Nos primeiros 9 meses o BB lucrou R$ 7,9 bilhões, 11,8% a mais que em 2017. Somando o total emprestado para pessoas físicas e jurídicas totaliza-se o valor de R$ 455,2 bilhões. Os números falam por si.
       Segundo: ambos já são empresas com foco no mercado, tendo participação em empresas de capital aberto com investimento em ações e planejamento voltado à disputa das carteiras de empréstimos e financiamentos. Logo, já estão na lógica do grande capital financeiro. O fato é que sendo estatais ainda possuem programas e ações sociais, os quais não seriam assumidos por bancos totalmente privados em virtudes dos custos. O que se propõe agora é separar a empresa-mãe de suas coligadas, hoje muito rentáveis, permitindo assim ao grande capital financeiro total controle e livre trânsito aos bancos privados, atualmente pertencentes a 5 famílias bilionárias.
       Numa justificativa demagógica Paulo Guedes afirma haver monopólio do sistema financeiro. Pura encenação. Esse questionamento não existe para os grandes bancos privados, mas apenas para as estatais. O que existe de impedimentos na disputa do mercado financeiro brasileiro são as manobras da Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) que impede, por exemplo, a criação de novas cooperativas de crédito. O desenvolvimento monopolista do setor financeiro ocorreu com grandes fusões e aquisições levadas a cabo pela aliança dos banqueiros nacionais e internacionais, sob total apoio e proteção dos sucessivos governos, inclusive utilizando os próprios bancos estatais. Hoje, o maior banco do país é o ITAU, intocável para o estado brasileiro.
        Terceiro: a falácia da corrupção. O sistema financeiro tem uma natureza corrupta. Provam as denúncias no Bradesco, Safra, HSBC, Santander, enfim. Alias, não houve nenhum envolvimento (até agora) dos bancos públicos na operação lava-jato. Isso não quer dizer que não existam, evidentemente, roubos e atos de corrupção. Mas, são os bancos estatais os que possuem melhores programas de combate a lavagem de dinheiro. Exatamente por isso traficantes e políticos corruptos preferem bancos menos ‘burocráticos’. Naturalmente, a corrupção continuará enquanto não houver total controle popular sobre o sistema financeiro nacional. Privatizá-los aumentará a corrupção! Além de falacioso, esse argumento é bastante infantil.

         A quem, então, interessa essa privatização? Aos multibilionários nacionais e internacionais, os verdadeiros responsáveis pela crise desde 2008. Viram nessa onda fascista uma oportunidade para abocanhar ainda mais esse mercado, retirando quaisquer programas sociais (eles veem como custos) do sistema financeiro. Essa característica já foi desmascarada pelo revolucionário Georgui Dimitrov, às vésperas da ascensão nazista, que denunciou os banqueiros como a ‘tropa de choque’ do fascismo. Mas, nesse mesmo discurso, ele também afirmou que seu poder é precário e pode ser derrotado. Sigamos seus ensinamentos!