Numa campanha mentirosa em 1989, o então candidato Collor de Melo
afirmava a necessidade da privatização dos bancos públicos em
virtude de, segundo ele e seus assessores, serem ‘elefantes’
ineficientes e cheios de marajás. Agora, quase 20 anos depois, numa
reedição malfeita dessa mesma campanha, o fascista Bolsonaro e seu
ministro privatista Paulo Guedes reafirmam essa necessidade. Agora,
com a justificativa de ‘limpar’ dos bancos a corrupção e
ampliar sua eficiência, esses desalmados afirmam privatizar em
partes esse patrimônio do povo brasileiro.
Ora, em primeiro lugar, vejamos se os bancos estatais, em especial,
os 2 maiores, o Banco do Brasil e a CAIXA, são ineficientes. A Caixa
Econômica Federal é o maior financiador para compra de imoveis do
país, detendo 69% de todos os contratos, além de operar com o FGTS
(Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). Em 2018, chegou a R$ 440,5
bilhões em financiamentos, tendo também crescido os empréstimos
para agricultores. Nesses primeiros 9 meses houve crescimento de
83,7% do lucro da empresa, totalizando R$ 11,5 bilhões. É também o
banco com maior volume de poupanças: R$ 284,5 bilhões. Já o Banco
do Brasil é o maior financiador dos pequenos e médios agricultores,
embora uma parcela significativa dos recursos fique à disposição
dos grandes latifundiários. Possui R$ 91,4 bilhões emprestados para
esse setor. Nos primeiros 9 meses o BB lucrou R$ 7,9 bilhões, 11,8%
a mais que em 2017. Somando o total emprestado para pessoas físicas
e jurídicas totaliza-se o valor de R$ 455,2 bilhões. Os números
falam por si.
Segundo: ambos já são empresas com foco no mercado, tendo
participação em empresas de capital aberto com investimento em
ações e planejamento voltado à disputa das carteiras de
empréstimos e financiamentos. Logo, já estão na lógica do grande
capital financeiro. O fato é que sendo estatais ainda possuem
programas e ações sociais, os quais não seriam assumidos por
bancos totalmente privados em virtudes dos custos. O que se propõe
agora é separar a empresa-mãe de suas coligadas, hoje muito
rentáveis, permitindo assim ao grande capital financeiro total
controle e livre trânsito aos bancos privados, atualmente
pertencentes a 5 famílias bilionárias.
Numa justificativa demagógica Paulo Guedes afirma haver monopólio
do sistema financeiro. Pura encenação. Esse questionamento não
existe para os grandes bancos privados, mas apenas para as estatais.
O que existe de impedimentos na disputa do mercado financeiro
brasileiro são as manobras da Fenaban (Federação Nacional dos
Bancos) que impede, por exemplo, a criação de novas cooperativas de
crédito. O desenvolvimento monopolista do setor financeiro ocorreu
com grandes fusões e aquisições levadas a cabo pela aliança dos
banqueiros nacionais e internacionais, sob total apoio e proteção
dos sucessivos governos, inclusive utilizando os próprios bancos
estatais. Hoje, o maior banco do país é o ITAU, intocável para o
estado brasileiro.
Terceiro: a falácia da corrupção. O sistema financeiro tem uma
natureza corrupta. Provam as denúncias no Bradesco, Safra, HSBC,
Santander, enfim. Alias, não houve nenhum envolvimento (até agora)
dos bancos públicos na operação lava-jato. Isso não quer dizer
que não existam, evidentemente, roubos e atos de corrupção. Mas,
são os bancos estatais os que possuem melhores programas de combate
a lavagem de dinheiro. Exatamente por isso traficantes e políticos
corruptos preferem bancos menos ‘burocráticos’. Naturalmente, a
corrupção continuará enquanto não houver total controle popular
sobre o sistema financeiro nacional. Privatizá-los aumentará a
corrupção! Além de falacioso, esse argumento é bastante infantil.
A quem, então, interessa essa privatização? Aos multibilionários
nacionais e internacionais, os verdadeiros responsáveis pela crise
desde 2008. Viram nessa onda fascista uma oportunidade para abocanhar
ainda mais esse mercado, retirando quaisquer programas sociais (eles
veem como custos) do sistema financeiro. Essa característica já foi
desmascarada pelo revolucionário Georgui Dimitrov, às vésperas da
ascensão nazista, que denunciou os banqueiros como a ‘tropa de
choque’ do fascismo. Mas, nesse mesmo discurso, ele também afirmou
que seu poder é precário e pode ser derrotado. Sigamos seus
ensinamentos!
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