segunda-feira, 31 de outubro de 2016

GLOBO E TEMER FECHARAM ACORDO BILIONÁRIO PARA CONSOLIDAR GOLPE


       Não é de hoje que as Organizações Globo se envolvem em golpes políticos para defender seus interesses. Apos o golpe de 1964, a empresa sustentou o Regime Militar, sendo um dos responsáveis pelos seus 21 anos de duração. Agora, em 2016, estão sendo revelados os motivos pelos quais uma ampla aliança entre os partidos PMDB, PSDB e DEM e a Família Marinho possibilitou a derrubada do governo de Dilma Roussef.
        Num primeiro momento, no segundo semestre de 2015, a Rede Globo de Televisão duvidava da queda da presidenta Dilma Roussef. Em 3 de agosto, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, visitou as organizações Globo com o objetivo de convencer a empresa a apoiar o Plano de Temer. Cunha, naquele momento, era enviado do vice-presidente. A conversa, pouco convicente, não rendeu muitos frutos, pois a empresa estava sendo triturada pelas agencias de publicidade que viam cair suas receitas e a vinculação permanente da imagem da Globo nas manifestações anti-Dilma. Prova disso, é que em 7 de agosto num editorial surpreendente a Globo pede a manutenção de Dilma, pois estava sob pressão, especialmente dos bancos privados, que conversavam com os dois lados da disputa. Mesmo assim, a crise financeira se aprofundava. Era apenas um recuo momentâneo. Outro sinal foi, em 16 de agosto, a cúpula do PSDB criticar a cobertura da Globo das manifestações contra Dilma e afirmar que havia uma reaproximação do governo e a empresa.
        O que a Globo necessitava era de um momento mais propicio e um acordo de grande proporção. Na semana anterior, Roberto Irineu Marinho, presidente das organizações Globo havia se encontrado com Michel Temer em Brasília quando estabeleceram de forma precisa o momento no qual passariam à uma ofensiva a depender da decisão de Eduardo Cunha. Embora o então presidente da Câmara não tivesse acertado antecipadamente com os irmãos Marinho o Golpe, ele estava sob muita pressão e aguardava apenas uma decisão de Temer. Ao ser informado que o governo não imporia ao PT a votação no Conselho de Ética, Cunha decidiu aceitar o pedido de Impeachment em 2 de dezembro de 2015. Poucos dias após, um novo encontro foi marcado que selou o apoio da REDE GLOBO de Televisão ao GOLPE. Na ocasião, os irmãos Marinho deixaram claro que a proposta contemplava apenas o vice-presidente, não podendo fazer o mesmo pelo presidente da Câmara. A partir daí a estratégia era forçar a Renúncia de Dilma, não sendo possível, realizar um apoio aberto ao seu Impeachment.
         O acordo espúrio teve então 3 eixos essenciais:
     A primeira era a reorganização acionária da empresa que foi autorizada por DECRETO de TEMER, já interino, no dia 27 de junho. A medida concedia o direito aos herdeiros de Roberto Marinho de transferirem para seus nomes de forma “indireta” as participações acionarias das empresas nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Brasília. O objetivo foi claro: permitir o total controle acionário nas empresas através dos filhos bem como a possibilidade de realizarem uma venda da participação dessas a investidores estrangeiros. 
       A segunda era a ampliação das verbas publicitárias do governo para compensar a queda de 6% nas receitas em 2015. Se consideramos a Receita Líquida, a empresa encolheu 15%. Mesmo assim, é bom lembrar que suas aplicações em dólar e o altíssimo juro brasileiro fizeram o Lucro Líquido crescer em 30%. No entanto,  como a ganância não tem limites, a INFOGLOBO, responsável pelo jornal O GLOBO, teve um reajuste de 120% nas verbas. A Editora globo teve aumento de 536%. Outros órgãos de imprensa também tiveram essas benesses de Temer. 
        A terceira é o principal calo da empresa: seu débito com a Receita Federal e a recomposição da sua dívida com credores. Era preciso pagar os débitos nos bancos nacionais e  com a pressão da Receita Federal para renegociação de seu débito que, calcula-se, em R$ 602 milhões. Parte da sonegação era realizada com movimentações em paraísos fiscais de recursos oriundos de direitos de transmissão de jogos da Copa do Mundo e outros eventos. Ora, era necessário um novo governo para repensar toda essa situação. O golpe lhe trouxe um canal aberto e fácil de renegociação particularmente com o BNDES (que possui débitos com juros subsidiados). Fora isso, foi afrouxado o controle da Receita Federal sobre a empresa.
Com isso, estima-se que as Organizações Globo serão presenteadas com valores próximos R$ 1,1 bilhão entre repasses, autorização para reorganização acionaria e renegociação de débitos junto aos Bancos Públicos e Receita até o final de 2018, caso Temer termine o seu mandato.

Os fatos mostram muito claramente que a GLOBO age para defender seus interesses. Quais? Os bilhões de reais, a fortuna da família mais rica do país, a família Marinho. Essa empresa não serve ao Brasil. Golpe e GLOBO tem tudo a ver!

A VITÓRIA ELEITORAL DA DESESPERANÇA


          Se há 14 anos a Esperança vencia o Medo, hoje é inegável que a desesperança se alastrou pelo povo brasileiro. O desgaste e descrédito do nosso sistema político-eleitoral é tamanha que quase 33,5% da população decidiu não votar nas ultimas eleições. Ou não foi à urna ou votou nulo. Também não podia ser diferente! Temos um sistema corrupto, antidemocrático e elitista que privilegia campanhas milionárias, publicidade eleitoral enganosa, sem debate ideológico e uma verdadeira guerra de propostas faraônicas que não mudam a profunda realidade das cidades.
            É preciso se perguntar: porque com vários avanços de direitos nos últimos anos, o povo está descrente com a política?
           Durante mais de uma década se privilegiou um programa político de aliança entre os pobre e os ricos, era um novo contrato social. Um contrato que nunca na nossa história favoreceu de forma equitativa ambos os lados. Sempre as elites, num momento em que seus interesses estiveram ameaçados, decidiram romper qualquer pacto e privilegiar sua classe social. A pretensa idéia de uma eterna aliança entre empresários e trabalhadores naufragou quando os ricos se viram à mercê de uma profunda crise econômica.
            Fora isso nenhuma medida estrutural foi tomada que pudesse garantir mais avanços sociais. O sistema de comunicação brasileiro continua controlado por uma ínfima minoria de famílias; não tivemos uma reforma agrária que privilegiasse o pequeno camponês; não realizamos uma reformulação do nosso sistema educacional; nem sequer realizamos quaisquer mudanças no sistema político. Alias, quando se viram ameaçados, parcelas dos partidos políticos que defendiam transformações efetivas acabaram por se identificar com a política ‘coronelista’ de outrora.
           Por outro lado, a Justiça, baluarte do reacionarismo no país, numa grande aliança com setores da direita golpista, da mídia venal e corrupta, e dos sindicatos patronais realizou uma ampla campanha anti-comunista, anti-esquerda, fortalecendo a história de golpes e retrocessos no Brasil. O  fato é que hoje temos eleições com grupos fascistas, fundamentalistas religiosos e reacionários de toda espécie.
           Tamanha é a negação da política que nas 3 principais cidades brasileiras temos 'a-políticos ' eleitos: em São Paulo, um playboy multimilionário privatista; em Belo Horizonte, um empresário ex-dirigente de Futebol; no Rio de Janeiro, um bispo da Universal reacionário.
                Ora, aparenta assim que o povo brasileiro não entende de política. Isso é insuficiente! Num sistema político antidemocrático, mas que alguns até mesmo da esquerda se admiram e gritam por defendê-lo, a população é apartada do processo decisório. Não se precisa no Brasil de uma Reforma Política. O que está podre deve ser jogado no lixo. O que o povo brasileiro necessita é de um novo sistema político e social, na qual não exista manipulação e domínio do poder financeiro. É urgente a luta por um novo poder no Brasil e com ele o retorno da Esperança de mais avanços, direitos e justiça social.

                

terça-feira, 25 de outubro de 2016

ATO CONTRA PEC 241 REUNE 15 MIL PESSOAS EM FORTALEZA


          Cerca de 15 mil pessoas participaram do Ato Unificado das Frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular realizado neste dia 25 de outubro. Desde as 16h centenas de pessoas se concentravam na praça da gentilandia com batuques, cartazes, bandeiras, faixas que denunciavam o PROJETO DE EMENDA CONSTITUCIONAL 241 aprovado em segundo turno na Câmara dos Deputados. Os manifestantes seguiram até o centro da cidade pela Av da Universidade.
            Segundo Dorismar Soares, membro do MTST e da Frente Povo Sem Medo, “a PEC 241 ataca direitos conquistados pelos trabalhadores e vai impor retrocessos aos mais pobres”. O Presidente da Central Única dos Trabalhadores no Ceará, Will Pereira, membro da Frente Brasil Popular, falou: “ a proposta é promovida para beneficiar apenas os empresários e banqueiros, feita por um governo golpista que vai piorar a situação da classe trabalhadora”. Durante todo o trajeto da manifestação se ouvia o Fora Temer! Vários sindicatos do interior estiveram presentes e, segundo os organizadores, o ATO reuniu mais de 300 entidades e movimentos sociais.


            O projeto questionado congela gastos primários do orçamento federal no prazo de 20 anos, podendo o governo reajustar despesas somente até o percentual da inflação do ano anterior. A medida tem sido apresentada para pretensamente retornar o crescimento econômico brasileiro. No entanto, vários economistas têm alertado que a tendência é que a redução dos gastos amplie a recessão no país. Fora isso, realizara um drástico ataque aos serviços públicos que já estão em situação precária.
            A manifestação foi encerrada na Praça do Ferreira já à noite com intervenções de representantes das 2 frentes que saudaram a UNIDADE POLÍTICA e reafirmaram a continuidade da resistência contra essa medida. A PEC 241 ainda deverá passar por 2 turnos no Senado Federal e a previsão do governo TEMER é que até dezembro ela esteja sancionada.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

BETO RICHA (PSDB-PR) FAZ CHANTAGEM POLÍTICA COM MORTE DE ALUNO

          Mesmo ainda sem quaisquer conclusões definitivas dos motivos do assassinato do aluno Lucas Eduardo Araujo Mota, 16 anos, o governador do Estado do Paraná, Beto Richa, ‘insinua’ em nota à Imprensa que o movimento Ocupe Paraná seria culpado pela morte, pois passou ‘dos limites do bom senso’. A nota, embora se solidarize com os familiares da vítima não faz qualquer menção aos motivos pelos quais os estudantes paranaenses estão ocupando as escolas.
            Segundo dados preliminares, uma disputa por drogas teria motivado o crime. A Secretaria de Segurança Pública, através do titular, Wagner Mesquita, afirmou "A polícia constatou lá no local de crime que esses dois menores são alunos da escola, amigos de infância. Eles dividiram na tarde de hoje uma cápsula de droga sintética, que eles chamam de balinha. E, então, os dois entraram em estado alterado pelo uso dessa droga e começaram então a se diferenciar do grupo. Os outros menores ocupantes da escola teriam solicitado que eles se afastassem, e eles foram para um alojamento, um lugar apartado dos demais. Neste local, teria havido uma discussão entre eles. O menor que foi vítima teria partido para violência em cima do menor autor, que estava de porte de uma faca de cozinha no bolso. Então, teria tentado se defender e aí utilizou então a faca na defesa, proferiu então um golpe da região do pescoço e outros golpes também, então vindo a ferir de morte o menor vítima. Na sequência, ele abandonou a faca no local, pulou a janela e depois pulou o muro. A fuga dele foi presenciada pelos demais menores".
É sabido que as disputas de drogas estão no dia-a-dia de várias escolas publicas, embora essa não seja uma realidade aceitável. Não há relação de conseqüência entre a ocupação da escola e o ocorrido. Vários alunos relataram que o responsável pelo crime não estava na ocupação. Ao mesmo tempo, é nítida a infiltração de pessoas ou grupos com a intenção de barrar o processo de ocupações de Escolas Públicas que vem ocorrendo no Brasil através da violência e tráfico. Em São Paulo, casos de abusos sexuais; no Ceará, a infiltração de traficantes, e agora um assassinato.
  A prova da utilização política do caso é o próprio Governo do Estado do Paraná finalizar a nota chamando a comunidade escolar à responsabilidade, insinuando que teria abusos dos professores e alunos nas ocupações: “É hora da responsabilidade e consciência sobre os direitos e deveres de estudantes, professores, famílias, autoridades e sociedade”. O governador age com o objetivo de atingir os pais e mães dos alunos, os quais ficaram amedrontados com o ocorrido, obrigando-os a forçar seus filhos a desocuparem. Em outros estados, a Secretaria de Educação denunciou centenas de alunos no Ministério Público para chantagear os pais.
Os movimentos de ocupações que já totalizaram mais de 1000 escolas e universidades que lutam com a PEC 241 estão se solidarizando com a família de Lucas e muitas delas já condenaram a violência arbitraria ocorrida na escola paranaense. 

OS BANQUETES DE TEMER E TRAIÇÃO À MESA


      O elitismo político do atual governo golpista é tamanho que nos faz lembrar de uma outra sociedade, na qual jantares privados eram organizados para fechar acordos políticos: ROMA. Eram comuns os imperadores reunirem a classe política e os patrícios (elite econômica romana) em banquetes às custas dos pobres para mancomunar guerras, aumentar impostos e promover leis que beneficiassem uma reduzida minoria.  Com o crescimento da opulência e degenerescência do Império, os jantares eram acompanhados por tocadores líricos, cantores, atores, dançarinas, etc.  Calígula gostava de jantares animados com torturas e decapitações; outro, o imperador Claudio, chegou a fazer um jantar com mil mesas.
            Por outro lado, os jantares trouxeram sempre a ameaça da traição. Hitler, por exemplo, sempre tinha 15 pessoas para provar a comida. Nunca comia nada antes que completassem 45 minutos após todas as provadoras terem-na provado. Uday Hussein,  filho de Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque, envenenou um dos provadores de comida do pai, o que lhe rendeu uma censura e uma viagem forçada a Europa.
 Roy Strong, um historiador britânico, ao se referir ao ‘estilo universal’ do método para persuasão, afirma “tudo era preparado para impor aos convidados o esplendor, a magnificência e o status de anfitriões”. É obvio que ao sabor da rica, farta e saborosa comida, se debate a manutenção descarada da exploração de milhões de seres humanos por uma ínfima minoria de famílias.
No caso brasileiro, o método foi utilizado para reunir deputados e convencê-los a aprovar, em primeira instancia, a Proposta de Emenda Constitucional 241. Até o final do ano, o governo golpista deseja que ela esteja sancionada. Logo, marcou um novo jantar, agora com os senadores. À mesa, com total apoio dos principais banqueiros brasileiros, uma lei que esfola os mais humildes e mantém religiosamente os pagamentos de recursos para o sistema financeiro.
É bom lembrar que Temer é um presidente sitiado. Não tem agenda pública, não inaugura obras. Nem sequer recebe demandas populares. Seu governo não passa de um fantoche das famílias mais ricas do Brasil. Agora, também está sob ameaça do novo presidiário, Eduardo Cunha, que, caso assine uma delação premiada, pode levar o governo ao chão.
Tal como em outros momentos da história, os jantares organizados por Temer são demonstrações do elitismo político, da degradação moral e da corrupção tão emaranhada na república brasileira. Do jeito que está, as conspirações, a guerra de poder, as traições, estão cada vez mais perto. Lembremos que com todos que se encastelaram no poder por um golpe, o povo (o principal traído) e nem a história serão coniventes. As leis e acordos resultantes desses suntuosos jantares não merecem serem respeitadas.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

SÓ AGORA CUNHOU, SERGIO MORO?


         Tomando como base o dicionário ‘priberam’ o termo CU-NHA pode ser:
a.       Substantivo feminino – CUNHÃ, significa mulher jovem ou de origem indígena;
b.    Substantivo feminino – CUNHA, significa pessoa influente que pede em favor de outra com empenho, equivalente ao pistolão;
c.       Verbo transitivo – CUNHAR, tornar saliente, inventar, notável, adotar;
Bem, deixando de lado o termo referente a mulher jovem, pois nada teria que tratar da sexualidade de alguém no artigo, os dois termos seguintes podem sim se relacionar com a recente atitude do Sr. Sergio Moro ao prender o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Todos queriam a prisão de Cunha. Ops. Quase todos. Os caciques do PMDB estão se tremendo com a decisão.
O fato é que o bandido do Rio de Janeiro levou o que havia de pior para o parlamento brasileiro. Como o dicionário informa, influenciou e com muito empenho, se tornou o algoz da ex-presidenta Dilma Roussef quando acolheu um processo de Impeachment sem nenhum crime de responsabilidade. O seu objetivo era claro: impedir a Lava Jato, livrar-se da prisão e manter todos os seus privilégios. Mas, como o golpe estava escrito nos anais da nação, Cunha foi abandonado, o Supremo se envolveu no esquema e somente agora foi devidamente preso por inúmeros crimes que cometera.
 Provas não faltam. Faltou foi coragem e vergonha na cara para prenderem antes. Contas na suíça, subornos, achaques, evasão de divisas, tudo foi utilizado por ele. No entanto, o super-homem, mega e ultra juiz da nova federação curitibana resolveu, num desencargo de consciência encarcerar um dos maiores bandidos que já pisou o plenário Ulysses Guimarães.
Ora, seria Eduardo Cunha um traficante de influencia à La ‘el patron’ Escobar?
Será que Cunha trairá seus antigos aliados?
Retomando o dicionário, essa invenção e notável prisão deixam claras duas coisas:
A primeira é que Eduardo Cunha também foi utilizado para a tentativa de parar as investigações da Justiça Federal e derrubar uma presidenta eleita. Logo, foi surpreendido e abandonado pelos seus aliados e ainda aguarda ansiosamente pela intervenção deles no Supremo para soltá-lo, fato que é possível, embora não seja tão provável.
A segunda é que nossa justiça fez um pouco de justiça no bojo de tantas injustiças recentes. Não se sabe por quanto tempo, claro. De qualquer forma brindemos, mesmo que sem uma solução definitiva para gente como Cunha, pois o Rei do Paraná está com a coroa e o bobo da corte Eduardo, já não pode mais fazer qualquer palhaçada.

Dicionário: http://www.priberam.pt/dlpo/cunha

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

CRIME ORGANIZADO, MILÍCIAS E A MUDANÇA NAS FAVELAS DE FORTALEZA


          A violência urbana e o tráfico de drogas se transformaram em negócios lucrativos no país. No ceará não é diferente. O desenvolvimento de grupos organizados de bandidos, comumente chamados de ‘Crime Organizado’ está crescendo continuada e constantemente no Estado. Naturalmente, com o mercado expansivo de drogas, a lógica mais empresarial está transformando o ‘submundo’ criminoso, especialmente na cidade de Fortaleza.
        Os territórios estão em uma nova disputa. De um lado, as Milícias, com a participação de grupos paramilitares, utilizando o grau de insegurança dos bairros mais pobres para extorquir dinheiro dos comerciantes. De outro, os grupos Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho, hoje trabalhando em parceria para ‘pacificar’ e permitir o comercio de drogas tranquilamente. Nos casos do PCC e CV, quanto menos disputas de grupos rivais, assassinatos e presença policial melhor.
Em matéria publicada pelo site El Pais, de autoria de Gil Alesi, a pacificação está reduzindo drasticamente os homicídios na capital. Nos sete primeiros meses de 2015 em comparação com os primeiros sete meses de 2016, a redução é de 37,6% somente em Fortaleza. Visão compartilhada pelo professor Luiz Fábio, professor do departamento de Ciências Sociais da UFC e pesquisador do Laboratório de Estudos de Violência: “não é algo que tem a ver com novidades no campo da segurança pública, nada de novo tem sido feito na área que possa justificar os dados”. Ele conclui: “não é possível precisar a porcentagem de favelas pacificadas, mas escutamos relatos de todas as áreas da cidade de Fortaleza”.
Ao mesmo tempo, as milícias estão em operação e, às vezes, com embates com os grupos traficantes. Diferentemente da ‘paz’ procurada pelos grupos PCC e CV, as milícias realizam execuções e um sistema de segurança paraestatal. Isso quer dizer que lucram com os roubos, assaltos e mortes. Quanto mais medo existir, melhor para garantir o financiamento desses grupos. Os grupos milicianos assassinaram em abril de 2016 o “Carlinhos”, irmão de ‘Joãozinho Catanã’, miliciano, ex-sargento da PM que foi assassinado em 2015. Carlinhos teria herdado a milícia.
Há quase 1 ano, 11 jovens foram assassinados no bairro Curió, gerando pânico na comunidade. Eles não tinham passagem pela policia e a ação miliciana foi uma vingança pela morte do policial Valteberg Chaves. Esse foi um dos momentos de divergência entre os grupos milicianos e o tráfico de drogas, embora à época o processo de pacificação estava apenas iniciando e o bairro Curió não fosse um dos principais para o PCC e CV. É provável que esse foi um dos fatores que acelerou a unificação de grupos criminosos, especializando a venda de drogas e evitando crimes para atrair a atenção da policia.
Outro exemplo que corrobora para essa situação foram os ataques a prédios e queima de ônibus em abril realizado pelo PCC. Em nota divulgada, o CV informou que não teve participação nos ataques. No mesmo mês o governador recebeu carta de ameaças. As investigações da Secretaria de Segurança Publica provam que a organização dos crimes partiu dos presídios cearenses.
Fora isso, grupos milicianos, PCC e CV financiaram políticos na última eleição. A meta era eleger 10 prefeitos e 50 vereadores. Para isso, financiaram pesadamente, mas não se sabe se obtiveram vitória. Pelo seu grau de organização e a promiscua eleição existente, é provável que tiveram algum êxito. De qualquer forma, o povo está, como sempre sob ameaça, aguardando o dia em que os interesses desses grupos estejam em disputa violenta pelo mercado de drogas e controle dos territórios das periferias.
                A idéia de uma sociedade sem violência com a intensificação dos aparatos de repressão não passa, assim, de falácia. O problema é muito mais profundo e não terá solução fácil.

Fonte: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/08/19/politica/1471617200_201985.html

sábado, 8 de outubro de 2016

PEC 241: RETROCESSO E DESASTRE PARA O POVO, MAS PARAÍSO PARA OS BANQUEIROS

PEC 241 vai levar caos à Saúde Pública


       O Projeto de Emenda à Constituição 241 é uma daquelas propostas de arrepiar qualquer trabalhador brasileiro. Prevê congelar todos os gastos públicos por 20 anos vinculando seus reajustes à inflação do ano anterior. Em outras palavras, não haverá nenhum novo investimento no país realizado pela União em áreas sociais (Saúde, Educação, Habitação e Seguridade Social) pelos próximos 20 anos. Apenas será reposto a perda financeira corroída pelo reajuste de preços.
        Essa irresponsável proposta está em tramitação no Congresso Nacional e tem por objetivo beneficiar aqueles que já lucram bilhões no Brasil: os donos dos títulos da dívida pública. Todo ano mais de 40% de toda arrecadação de impostos é destinada aos pagamentos de juros e amortizações de uma dívida pública que não pára de crescer. Sendo aprovada a PEC 241, o Governo Federal congelará salários, repasses a Estados e Municípios, concursos públicos serão suspensos, programas sociais serão cortados e gastos com saúde serão reduzidos drasticamente. Tudo para honrar religiosamente os bilhões aos grandes capitalistas nacionais e internacionais.
Por outro lado, a proposta afeta todos os poderes da república. Em virtude disso, a Procuradoria Geral da República já se posicionou contraria à medida através de nota. A PGR diz: “a PEC institui o Novo Regime Fiscal pelos próximos 20 anos, prazo longo o suficiente para limitar, prejudicar, enfraquecer o desempenho do Poder Judiciário e demais instituições do Sistema de Justiça, e nesse alcance, diminuir a atuação estatal no combate às demandas de que necessita a sociedade, entre as quais o combate à corrupção, o combate ao crime, a atuação na tutela coletiva, a defesa do interesse público”. O texto analisa como “inconstitucional” a proposta, e, alem disso, prova que o governo ilegítimo de Temer veio para reduzir e barrar a luta em defesa da igualdade e contra os desvios de dinheiro publico.
    Conforme analisa também o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), caso já estivesse em vigor nos últimos 10 anos, o governo federal teria investido 47% menos em educação e 26% menos em saúde. Trata-se de um verdadeiro crime contra o povo brasileiro, retrocedendo conquistas e impondo uma ditadura financeira dos grandes bancos.
            Para ser aprovada, é necessária a votação de 60% de todos os parlamentares. E o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já informou que caso se ausente algum deputado dessa votação, terá seu salário cortado. Já era de se esperar! Esse parlamento é, talvez, o mais corrupto, reacionário e anti-povo da história da república.
         O golpista governo de Temer mostra claramente que é, na verdade, uma DITADURA DOS BANQUEIROS!

ÁUDIOS REVELAM QUE TRUMP REPRESENTA A DECADÊNCIA DA DEMOCRACIA NOS EUA


        Os arautos da democracia tomam os EUA como o mais avançado e livre sistema político do mundo. Com a indicação de Donald Trump para próxima disputa eleitoral, essa pretensa e inquestionável hegemonia vai para o buraco. O candidato do Partido Republicano é o que existe de pior na ultra-direita norte-americana: preconceituoso, machista, anti-semita e reacionário. Os áudios vazados recentemente somente reafirmam o comportamento repugnante do bilionário.
            Ora, mas porque um homem como Trump foi indicado às próximas eleições?
           Primeiro lugar, pela sua capacidade de arrecadação financeira e suborno. Antes de indicados, os candidatos disputam os delegados dos partidos oficiais às Convenções Nacionais. Em cada estado se opera uma verdadeira ação de compra dos delegados. Mesmo não sendo o candidato principal, da direção do Partido Republicano, ele conseguiu reunir a maioria dos delegados investindo uma montanha de dinheiro. Estima-se que Donald Trump tenha gastado cerca de US$ 40 milhões somente nas prévias.
        Em segundo lugar, pela incapacidade dos ultra-conservadores do Partido Republicano de unificar o discurso econômico liberal e uma ideologia anti-comunista exarcebada. Trump utilizou a falência dessa concepção e teatralizou sua imagem, mostrando-se como nacionalista autentico dentro de um discurso racista, xenófobo e sexista, ridicularizando os papeis de imigrantes (especialmente os muçulmanos), negros e mulheres. Nesse ultimo caso, ameaçando e atacando a outra candidata, Hillary Clinton.
            Em terceiro lugar, pela profunda crise econômica vivida no país desde 2008, o que tem gerado uma radicalização entre direita e esquerda no país, não vista desde o fim da guerra fria. Lembremos que o candidato que disputava com Hillary pela indicação do Partido Democrata, Bernie Sanders, se auto-intitulava socialista e ameaçou vencer a contenda. Fora que o discurso de Trump de uma ‘América Pura e Forte’ foi assimilada por parte da classe média, historicamente defensora do capitalismo expansionista ianque.
         Agora, áudios vazados deixam claro o que pensa e como age o magnata fascista. Donalda Trump transforma mulheres em ‘vagabundas’, verdadeiras mercadorias que, segundo ele, podem ser compradas quando quiser. Fora isso, traição e mentiras são parte da sua vida cotidiana. Sua personalidade e caricatura são também demonstrações da decadência do atual sistema político nos EUA.
Mesmo não vencendo ou renunciando, Trump já foi longe demais e prova que democracia é apenas um sonho distante da sociedade norte-americana.
               
               

                

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

PETROLEIRAS ESTRANGEIRAS ARTICULARAM MUDANÇA DA LEI DO PRÉ-SAL

           O Congresso Nacional aprovou a modificação do marco regulatório de exploração do Pré-Sal. A proposta retira a exclusividade de ‘operadora única’ da Petrobrás e o percentual mínimo que a empresa tinha em todos os poços perfurados no Brasil. A medida tem o claro objetivo de favorecer empresas estrangeiras, as quais no momento estão em grave situação financeira e necessitam expandir seus negócios. Ironicamente, a decisão acontece quando a Petrobras completa  63 anos e caracteriza-se como um duro golpe para empresa. Isso porque todo o resultado do conhecimento estratégico acumulado ao longo de décadas de pesquisa pelos trabalhadores será entregue às empresas que nunca investiram num projeto de futuro para o Brasil.
          Mas porque foi decidida essa mudança?
         A justificativa do ‘pai’ do projeto de lei 4567/16, José Serra, é dinamizar os leiloes e permitir competição livre. Isso não passa de mentira. Não é de hoje que as empresas petrolíferas manipulam governos e parlamentos para a exploração do óleo. Vários presidentes foram depostos e outros golpes aconteceram por conta de alguns países decidirem manter sua autonomia e independência energética nas mãos dos seus governos. Fora isso é ridículo pensar que no mundo capitalista, as empresas, particularmente as multinacionais, não realizem varias manobras para se favorecerem no mercado. A ideia de liberdade de competição somente existe no ideário infantil dos defensores do Estado Mínimo.
         Os fatos comprovam. A empresa COSAN LUBRIFICANTES, que teve suas operações iniciadas em 2008, com a aquisição da ExxonMobil no Brasil, financiou bastante a ultima campanha para o senado do Sr. José Serra. Lembrando que a mesma empresa realizou expansão ao comprar ativos exclusivos de distribuição no Paraguai, Uruguai e Bolívia. O BTG  Pactual, banco do empresário André Esteves, e o Safra, também depositaram uma fortuna no caixa do senador entreguista, os quais tem interesses em negócios com petróleo. O BTG é um dos maiores cotistas da empresa SETE BRASIL, responsável pela aquisição de sondas para exploração do Pré-Sal.
        Ainda quando candidato à presidência, Serra, já indicava a mudança do marco regulatório, conforme revelação feita pelo Wikileaks, site que publicou diversos documentos e correspondências secretas do governo norte-americano. Em um telegrama enviado em 2 de dezembro de 2009 pelo consulado americano no Rio de Janeiro à Washington, fica clara o descontentamento das petroleiras estrangeiras: “A indústria de petróleo vai conseguir combater a lei do pré-sal”. Mais: “Eles são profissionais e nós amadores”, afirmou Patrícia Pardal, diretora da americana Chevron do Brasil. Na mensagem ela ainda indica que Serra havia se comprometido em modificar a lei caso fosse presidente.
       Sem nenhum pudor eles também afirmam: “com a aprovação da lei (marco regulatório anterior), a estratégia é recrutar novos parceiros para trabalhar no Senado, buscando aprovar emendas essenciais na lei, assim empurrar a decisão para depois das eleições de outubro”. Ainda: “Lacerda, da Exxon, disse que a indústria planeja fazer marcação cerrada, mas em todo caso iria trabalhar no lobby por conta própria”.
       Fica comprovado o caráter entreguista e anti-nacional da lei recentemente aprovada e certamente sancionada pelo golpista Michel Temer. Como forma de dar tranquilidade total às petroleiras estrangeiras o Senador José Serra foi alçado a Ministro das Relações Exteriores para garantir os interesses de outros países sobre o Brasil.
Segundo Emanuel Menezes, membro da Federação Única dos Petroleiros no Ceará, “Os trabalhadores brasileiros junto com os funcionários da Petrobras não irão aceitar quietos essa criminosa medida contra o povo. A história da Petrobras é parte da nossa luta pela liberdade e independência. Vamos RESISTIR!”
               


terça-feira, 4 de outubro de 2016

SILVIO MOTA, JUIZ DO TRABALHO, DESABAFA: “O GOLPE ESTÁ EM CURSO EM TODA AMÉRICA LATINA”


Juiz do Trabalho aposentado, Silvio Mota, foi guerrilheiro da Ação Libertadora Nacional – ALN e hoje é membro da Associação Juízes Pela Democracia. Sempre atuou na Luta pelo Direito à Memória, Verdade e Justiça. Tem participado ativamente das manifestações ‘FORA TEMER’ e denunciado a elitização e manobras hoje da Justiça brasileira.

Serley Leal – Há poucos dias o Congresso Nacional destituiu uma presidenta eleita. Você acredita que realmente foi um golpe?

Silvio Mota – Não apenas aqui simplesmente. Um golpe que está em curso em toda a América Latina. Claro, no caso especifico do Brasil, houve um ‘impeachment’. É bom lembrar que essa é uma figura, um instituto, do direito anglo-saxão. Apareceu na Inglaterra quando os nobres lutavam contra o absolutismo do rei. É ridículo pensar que esse congresso estava lutando contra o absolutismo de Dilma Rousseff, e o que ocorreu, na verdade, foi que ela estava pagando programas sociais. Além disso, rigorosamente, se o nosso Supremo Tribunal Federal analisasse a matéria que levou a destituição da presidenta, se chegaria à conclusão de que o ato não teve legitimidade, nenhuma constitucionalidade e nem legalidade porque seria preciso uma situação de extrema corrupção como aconteceu com o Collor. Na verdade, foi eleita uma presidenta com um programa que tinha alguma defesa das classes trabalhadoras e o congresso, completamente a favor da burguesia brasileira e internacional, aplicou um remédio parlamentarista num regime presidencialista.

Serley Leal – E sobre o papel hoje da Justiça? Temos visto que a Justiça Federal tem realizado excessos processuais, seletividade e perseguição sob a justificativa do combate à corrupção. Você acha que a Justiça tem sido utilizada politicamente no país para defender interesses de classes ou grupos políticos?

Silvio Mota- É muito pior do que isso. O que se vê é que a Justiça tem sido manipulada segundo os interesses de potências estrangeiras. Toda essa operação Lava Jato, toda a atuação do famoso juiz Sergio Moro, formado nos EUA, tem um cunho político-partidário claríssimo. Isso é a negação de tudo. Quando isso vai para uma instancia superior, você vê um Tribunal Regional Federal aplicando teorias de que a operação Lava-Jato teria privilégios porque estaríamos numa situação de Estado de Exceção. Isso tem suas origens em Carl Schimtt (jurista alemão) e outros grandes teóricos da jurisprudência nazista. Ao mesmo tempo, vê-se que o Supremo Tribunal Federal assiste a tudo como se nada tivesse acontecendo. É uma omissão criminosa. Na verdade, o Estado de Direito não existe no país e o próprio direito está sendo destruído com a complacência do Judiciário e participação, naturalmente, do legislativo.

Serley Leal – O governo ilegítimo de Michel Temer, através do Ministro do Trabalho, anunciou mudanças na legislação trabalhista. Segundo a proposta vão criar um novo regime de trabalho, por hora, reduzindo o pagamento de horas-extras; garantir a predominância do acordo coletivo sobre a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), o chamado ‘acordado sobre o legislado’ e aumento da jornada de trabalho. Você, como Juiz Trabalhista, como vê essas mudanças? Qual a relação entre essas mudanças e a situação política?

Silvio Mota – Primeiro é preciso verificar como a Legislação Trabalhista surgiu no Brasil. Existe um mito de que a CLT foi uma dádiva de Getúlio Vargas. Na verdade, Getúlio editou um decreto-lei onde consolidou o conjunto de garantias já conquistadas pelos trabalhadores em anos de lutas sociais. O que se tenta, o que se impõe atualmente, é que até isso desapareça para que a exploração se faça mais diretamente com a precarização das relações entre empregado e empregador, as quais deixariam até de existir, pois se trataria de simplesmente ‘conceder’ o direito de ser explorado a uma massa sem o reconhecimento da lei e da constituição. Essa reforma que Temer está apresentando, desde a sua ‘Ponte para o Futuro’, significa o fim da proteção não somente em termos legais, mas constitucionais. Esse congresso que está aí está destruindo a constituição de 1988. Isso aparece porque é do interesse do imperialismo e do capitalismo internacional e nacional que está em crise. Quer jogar sobre os ombros da classe trabalhadora todo o peso da sua ‘debacle’.

Serley Leal - Na sua avaliação qual seria a saída em virtude de toda essa situação jurídica, politica e econômica. Qual a opção que o povo tem para resgatar seus direitos, manter e avança-los?

Silvio Mota – É algo sério então não é bom falar muito. Luta, muita LUTA, e mais LUTA.

Serley Leal – Nossos agradecimentos pela entrevista. Muito Obrigado.

Silvio Mota- Obrigado também.




segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O ABISMO ENTRE A DEMOCRACIA BURGUESA E A DEMOCRACIA PROLETÁRIA


          Na sua obra a ‘Revolução Proletária e o Renegado Kaustky’, o genial Vladimir Lenin apresenta as bases fundamentais sobre as quais se ergue a hipócrita democracia em que vivemos. Mais do que isso, nos apresenta a imensa diferença que existe entre um regime onde os próprios trabalhadores governam através de órgãos de administração direta e o sistema representativo burguês.
       É absolutamente inegável que foi uma imensa conquista o direito ao voto  popular. Após décadas de intensas lutas sociais no século XIX, conseguiu-se o ‘Sufrágio Universal’, embora, por exemplo, as mulheres fossem excluídas das decisões e somente anos mais tarde pudessem ter o mesmo direito. De qualquer forma, os trabalhadores conseguiram avanços, mas nem de longe o modelo de eleição como o conhecemos é democrático e justo.
       Ficam claros os limites desse sistema. Lenin afirma: “A democracia burguesa, sendo um grande progresso histórico em comparação com a Idade Média, continua a ser sempre – e não pode deixar de continuar a ser sob o capitalismo – estreita, amputada, falsa, hipócrita, paraíso para os ricos, uma armadilha e um engano para os explorados, para os pobres”.
      Mas em que consiste essa mentira do nosso sistema político? Está no fato que nos limitamos a eleger representantes e não termos sequer controle sobre as decisões dos governos e parlamentos. Deposita-se toda a responsabilidade da direção política de parcelas do ESTADO (legislativo e executivo) em candidatos eleitos num regime controlado completamente pelos empresários. Assim, o povo, embora consiga eleger alguns trabalhadores, o fazem temporariamente até o momento em que interessem aos donos do poder. Todas as eleições os trabalhadores se iludem aguardando ansiosamente para ampliarem seus espaços políticos e sempre a maioria parlamentar está sobre controle das elites, as quais impõem sua agenda e tentam obrigar os candidatos a acordos em seu beneficio.
       No caso do Brasil, a experiência recente comprovou que um operário eleito estava no governo, mas não detinha o poder, e, tão logo se viu ameaçado iniciou várias negociações com os partidos e parlamentares que historicamente representam as classes dominantes. Mais do que isso. Passou a conciliar os interesses entre as classes trabalhadoras e capitalistas, governando assim em beneficio daqueles que já estavam no poder. Num momento de crescimento econômico, esses empresários ganhando fortunas, mantiveram gordas contribuições e aceitaram as alianças. Tão logo vivenciaram uma profunda crise, descartaram essa opção política e investiram num programa retrogrado e conservador.
        Outra falácia da democracia é a liberdade. Ao defender a igualdade de direitos, os trabalhadores são duramente atacados pelo Estado Capitalista. Basta ver numa greve ou numa ocupação urbana por moradia o grau de truculência da policia para reprimir. Lenin nos diz: “Não há Estado, nem o mais democrático, onde não haja escapatórias ou reservas nas constituições que assegurem à burguesia a possibilidade de lançar as tropas contra os operários, declarar ‘estado de guerra’ de fato em caso de violação pela classe explorada da sua situação de escrava e de suas tentativas de não se comportar com escrava”.
         Como controlam toda a estrutura ideológica da sociedade, os capitalistas impõe ao povo a idéia de que esse é a melhor forma de democracia que existe. Atacam a democracia proletária da antiga União Soviética e lançam areia nos olhos dos trabalhadores para não se rebelarem contra esse regime.
          V.I. Lenin completa: “Os Soviets (órgãos de deliberação política no socialismo  da URSS) são a organização direta das próprias massas trabalhadoras e exploradas, às quais facilitam a possibilidade de elas próprias organizarem o Estado e de o administrarem de todas as maneiras possíveis....A organização soviética facilita automaticamente a unificação de todos os trabalhadores e explorados em torno da sua vanguarda, a classe operaria. O velho aparelho burguês – o funcionalismo, os privilégios da riqueza, da instrução burguesa, das relações (estes privilégios de fato são tanto mais variados quanto mais desenvolvida esta democracia burguesa) – tudo isso desaparece com a organização soviética. A liberdade de imprensa deixa de ser uma hipocrisia, pois se expropriam à burguesia as empresas de comunicação...A democracia proletária é um milhão de vezes mais democrática do que qualquer democracia burguesa. O poder Soviético é um milhão de vezes mais democrático que a mais democrática republica burguesa”.
      Logo, é possível um novo, diferente e muito mais avançado regime político. O Estado dos capitalistas e seu modelo eleitoral excludente, que privilegia os empresários, não podem continuar no Brasil. Ao analisar o resultado eleitoral recente alguns se apressaram em detectar a derrota da esquerda. No entanto, quando realmente ganhamos? As parcelas de poder perdidas em virtude da conciliação de classes nos obrigam a 2 conclusões: 1) esse sistema não serve aos trabalhadores e precisa ser destruído; 2) nenhuma conciliação com os capitalistas, só a luta de classes leva ao caminho da redenção política. Chega de lero-lero, precisamos de uma REVOLUÇÃO URGENTE!

domingo, 2 de outubro de 2016

CHINA E ESTADOS UNIDOS TRAVAM GUERRA VELADA


           Há anos os EUA e a China estão travando uma guerra ‘silenciosa’ de arsenal bélico e estratégia militar. Os chineses aumentam progressivamente sua presença no Oriente Médio e os norte-americanos aumentam sua presença militar no pacifico. Desde janeiro, os ianques deslocaram para a Ásia seu segundo porta-aviões nuclear, chamado de “John C. Stennis”, unindo-se a outro porta-aviões denominado “Ronald Reagan” em operação há mais tempo por lá.
           O Mar do Sul da China se tornou um ponto de disputa entre os países, que aumentou o foco na Ásia-Pacífico sob o governo do presidente Barack Obama, e a China, que já é o maior poder econômico, político e militar na região. Segundo o secretário de defesa Ashton Carter, os EUA não vão tolerar essa mudança forças. Ele afirmou: "Os Estados Unidos continuarão sendo o exército mais poderoso e principal garantidor de segurança da região por décadas a fio - e não deve haver dúvida quanto a isso". Qualquer ação por parte da China para reconquistar território em Scarborough Shoal, área marítima disputada, teria conseqüências, completou Carter.
            Obviamente, os chineses partiram para a ofensiva. Na cúpula de segurança da Ásia, o almirante Sun Jianguo disse que a China não será intimidada, incluindo sobre o processo pendente no tribunal internacional relacionado às reivindicações chinesas na importante rota comercial. "Não criamos problemas, mas não temos medo deles", disse Sun ao Shangri-La Dialogue, em Cingapura, onde mais de 600 autoridades de segurança, militares e de governos se reuniram durante três dias. "A China não vai arcar com as consequências, nem permitir qualquer violação em sua soberania ou seus interesses, ou ser indiferente a alguns países criando o caos no Mar do Sul da China."
            Por outro lado, os chineses investem fortunas para vencer tecnologicamente os norte-americanos. Em 26 de setembro último, a Xinhua News Agency revelou a criação de um radar quântico, baseado na detecção de fótons únicos. O radar tem o objetivo de impedir os jatos stealth (aqueles não detectados por radares comuns) dos EUA, como o F-22. O tenente-general Wang Hongguang, que se aposentou em 2012, num artigo de opinião na mídia estatal chinesa Global Times, afirmou “Eu gostaria de sugerir aos americanos que, quando usarem aviões stealth, é melhor se manterem longe do continente chinês. Lembrem-se disso! Lembrem-se disso!”
            O Pentágono, órgão central de defesa norte-americana, vem regularmente fazendo relatórios sobre as novas armas chinesas. Num deles afirmam que a China tem “desenvolvido uma variedade de sistemas de guerra aérea, marítima, submarina, espacial, antiespacial e informativa” e visa a “dominar o espectro da informação em todas as dimensões do campo de batalha moderno”. Os chineses desenvolveram supercamuflagem para tanques terrestres e veículos anfíbios, um trem superpotente para interligar sua defesa terrestre, um drone invisível chamado ‘Espada Negra’ (não tripulado) e o J-20, jato de combate e espionagem que ela vem preparando para eliminar possíveis ameaças. Segundo os detalhes da Popular Science, os analistas acreditam que esta aeronave tem uma tecnologia em sua carcaça para que os radares não consigam identificá-la.
            Todas essas batalhas, hoje ainda nos ‘bastidores’, são resultado da enorme guerra comercial e financeira travada entre as duas nações nos últimos anos. A China, segunda maior potencia econômica do mundo, vem reduzindo seu nível de crescimento em virtude da recessão mundial com a redução dos mercadores consumidores. Sabe que precisa de matérias-primas mais baratas e explorar novos mercados, o que amplia a disputa com os EUA.
Trata-se do velho imperialismo, o mesmo que levou o mundo a duas grandes guerras e a morte de milhões de pessoas. Hoje os embates têm sido apenas de demonstrações de força e estratégia, mas não se sabe por quanto tempo.

sábado, 1 de outubro de 2016

MANIPULAÇÃO ELEITORAL: SE PESQUISA FOSSE REALIDADE SERIA ‘CENSO ELEITORAL’

                As pesquisas tem se transformado em ‘cavalos de tróia’ eleitorais pois influenciam a população e acabam manipulando o resultado do pleito. Isso é um fato pois todos acabam apostando numa candidatura com possibilidade de ganhar sem necessariamente perceber que o mais importante é o programa, a história, a orientação ideológica e caráter do candidato. Esse é mais um arranhão da nossa tosca democracia na qual os mesmos que estão no poder se beneficiam das condições sem necessariamente ganhar votos.
                Conforme aponta Marcio Ferreira Neto, especialista em Matemática e Estatística, é preciso distinguir cada uma das formas de levantamento de dados sociais. Ele afirma: “Têm-se três processos para conhecer essa “realidade”: 1- Censo ou recenseamento é o processo de coleta de informações e dados em que todo o universo (população) é pesquisado - censo é o estudo envolvendo todos os elementos da população, isto é, todos os elementos da população são estudados, um a um. O censo só termina quando todo o universo for totalmente abrangido. Por meio do censo se determina o valor exato de cada parâmetro da população; 2- Levantamento é parecido com o censo, mas é realizado em um subconjunto do universo, chamado de partição, “escolhido”, segundo informações anteriores que indicam que aquele subconjunto é bastante “representativo” do universo; 3- Pesquisa é um estudo ou uma investigação minuciosa ou sistemática a respeito de algum fato ou circunstância para sumarizar ou generalizar a descoberta de fatos relativos à determinada área do conhecimento. A pesquisa pode ser populacional ou amostral, realizada de acordo com alguns métodos ou técnicas que contenha algumas componentes que poderá variar, dependendo do tipo de pesquisa a ser realizada”.
                Isso quer dizer, em outras palavras, pesquisa não quer dizer que a população toda irá se manifestar daquela forma apresentada. Em geral, os candidatos ricos realizam pesquisas para montar sua estratégia eleitoral. Já estão em vantagem por isso. Outras pesquisas são encomendadas pela imprensa. Mas qual imprensa? A mesma que sistematicamente é acusada de defender determinados interesses embora se apresente como ‘isentos’. Ora, sabemos que a mídia tem também os seus 'negócios' e, logo, não apresentará quaisquer noticias que os contrariem.
                Por outro lado, as pesquisas são realizadas por institutos que cobram fortunas e utilizam métodos que podem ser muito manipulados estatisticamente.  Como também aponta o matemático Marcio Ferreira Neto, “As disparidades entre os resultados das pesquisas e os resultados das urnas, tem demonstrado a parcialidade dos institutos de pesquisas em relação a esses resultados, que sempre são divulgados com algum tipo de ingerência no questionamento da pesquisa. A maioria das pesquisas políticas não respeita os princípios da teoria da amostragem estatística, por utilizarem o método da amostragem por quotas, de caráter não probabilístico e pouco sustentável teórica e empiricamente, por não utilizarem regras adequadas e coerentes, sem qualquer cautela ou cuidado, nas suas etapas. As pesquisas eleitorais com ocorrências de erros, falhas e fraudes, além de influenciar substancialmente o processo eleitoral, também causa uma polarização, por não deixar o eleitor totalmente livre, que acaba sendo condicionado (influenciado) a abandonar à sua decisão de votar em certo candidato para votar em outro que aparece à frente nas pesquisas, migrando para um voto útil, porque pretende e quer derrotar outro candidato. Atitude desta natureza constitui-se como uma manipulação do processo eleitoral”.
                Desconfie sempre. Nada é o que parece!



Fonte: artigo acadêmico “ERROS E FALHAS DE PESQUISAS ELEITORAIS E SUAS INFLUÊNCIAS NA DECISÃO DO VOTO DO ELEITOR” de Marcio Ferreira Neto, Licenciado em Matemática pela Fundação Universidade do Tocantins (UNITINS) - Especialista em Matemática e Estatística pela Universidade Federal de Lavras do Estado de Minas Gerais.