O
elitismo político do atual governo golpista é tamanho que nos faz lembrar de
uma outra sociedade, na qual jantares privados eram organizados para fechar
acordos políticos: ROMA. Eram comuns os imperadores reunirem a classe política
e os patrícios (elite econômica romana) em banquetes às custas dos pobres para
mancomunar guerras, aumentar impostos e promover leis que beneficiassem uma
reduzida minoria. Com o crescimento da opulência
e degenerescência do Império, os jantares eram acompanhados por tocadores
líricos, cantores, atores, dançarinas, etc.
Calígula gostava de jantares animados com torturas e decapitações;
outro, o imperador Claudio, chegou a fazer um jantar com mil mesas.
Por outro lado, os jantares
trouxeram sempre a ameaça da traição. Hitler, por exemplo, sempre tinha 15
pessoas para provar a comida. Nunca comia nada antes que completassem 45
minutos após todas as provadoras terem-na provado. Uday Hussein, filho de Saddam Hussein, ex-ditador do Iraque,
envenenou um dos provadores de comida do pai, o que lhe rendeu uma censura e
uma viagem forçada a Europa.
Roy Strong, um historiador britânico, ao se
referir ao ‘estilo universal’ do método para persuasão, afirma “tudo era
preparado para impor aos convidados o esplendor, a magnificência e o status de anfitriões”.
É obvio que ao sabor da rica, farta e saborosa comida, se debate a manutenção descarada
da exploração de milhões de seres humanos por uma ínfima minoria de famílias.
No caso brasileiro, o método foi utilizado
para reunir deputados e convencê-los a aprovar, em primeira instancia, a
Proposta de Emenda Constitucional 241. Até o final do ano, o governo golpista
deseja que ela esteja sancionada. Logo, marcou um novo jantar, agora com os
senadores. À mesa, com total apoio dos principais banqueiros brasileiros, uma
lei que esfola os mais humildes e mantém religiosamente os pagamentos de recursos
para o sistema financeiro.
É bom lembrar que Temer é um
presidente sitiado. Não tem agenda pública, não inaugura obras. Nem sequer
recebe demandas populares. Seu governo não passa de um fantoche das famílias mais
ricas do Brasil. Agora, também está sob ameaça do novo presidiário, Eduardo
Cunha, que, caso assine uma delação premiada, pode levar o governo ao chão.
Tal como em outros momentos da
história, os jantares organizados por Temer são demonstrações do elitismo
político, da degradação moral e da corrupção tão emaranhada na república
brasileira. Do jeito que está, as conspirações, a guerra de poder, as traições,
estão cada vez mais perto. Lembremos que com todos que se encastelaram no
poder por um golpe, o povo (o principal traído) e nem a história serão coniventes. As leis e acordos
resultantes desses suntuosos jantares não merecem serem respeitadas.
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