quinta-feira, 3 de novembro de 2016

É POSSÍVEL UMA REVOLUÇÃO SOCIALISTA NO BRASIL?


     A história do povo brasileiro é marcada pela resistência e luta por transformações políticas. Desde a rebelião indígena contra o opressor português à resistência contra escravidão; das revoltas do império até a proclamação da República, das lutas operárias do inicio do século XX até o Levante de 1935, do combate ao Integralismo até a resistência à ditadura civil-militar de 1964-1985. É obvio que as elites sempre esconderam (e esconderão) nossa história de LUTA.
       Por que então causa tanta estranheza ao falarmos de uma verdadeira revolução política no país que liberte o povo da pobreza e injustiça social se nossa história é marcada por tantas lutas?
       Em primeiro lugar, porque é muito mais fácil defender um acordo, conciliação ou conchavo do que lutar por mudanças reais e profundas. Esse sentimento, particularmente difundido dentro do movimento socialista internacional, parte do pressuposto que as mudanças virão de forma lenta e gradual com os avanços dos direitos. Seria, pois, um processo evolutivo permanente até a transformação total da sociedade. Ora, se olharmos bem de perto, temos um sistema marcado por contradições inconciliáveis entre as classes sociais. De um lado, os empresários e seu ESTADO, e de outro, os trabalhadores.  As vezes, os embates são francos e abertos. Outras, velados. Mas, no essencial, os avanços de direitos sociais são resultantes desse conflito entre oprimidos e opressores. Os direitos são concessões das classes dominantes para se manterem no poder e não benevolências; são produtos da força política dos oprimidos os quais obrigam os ricos a acatar determinados interesses do povo. Não passa de uma ilusão acreditar numa conciliação supra-temporal entre empresários e trabalhadores. Significa colocar em risco a luta que, de forma consequente, deve ser levada até o fim.
      Em segundo lugar, é também bastante difundido pelas elites entre os trabalhadores o pacifismo social. No entanto, a demagogia é tamanha que as classes dominantes não cansam de investir em aparatos de controle social para reprimir e manter seus privilégios. Essa ideia é imposta à classe trabalhadora para que aceitem uma maior militarização da sociedade. Ora, por que então causa tanto horror ao falarmos de uma revolução popular violenta? Não causa maior horror os milhares de jovens assassinados nos bairros populares? A violência do ESTADO contra os trabalhadores não é algo a ser combatido? Nenhuma forma de luta deve ser descartada. As classes dominantes tem sangue nas mãos, por isso propagam o pacifismo social. Quando estão ameaçadas não tem nenhum pudor de defender a violência estatal organizada contra os trabalhadores.
       Em terceiro lugar, para fazer avançar o progresso social, o conteúdo dessa revolução deve ser socialista. No atual estágio de desenvolvimento do capitalismo, da sua financeirização, do seu caráter parasitário, enfim, do seu desenvolvimento histórico, tal progresso somente se dará pela socialização dos meios de produção da sociedade, das terras, fábricas, riquezas naturais, etc. Somente uma planificação econômica evitará as crises econômicas e seus males. Somente uma verdadeira democracia direta das massas trabalhadoras é capaz de garantir de forma permanente mais direitos sociais, pois a riqueza pertencerá ao conjunto da população e não apenas a meia dúzia de grandes capitalistas.
       Dizem alguns que essas ideias são velhas e antiquadas. Bem, muito antes da perspectiva do socialismo vários teóricos e intelectuais defenderam o progresso evolutivo com paz social. A concepção de mundo de conciliação entre as classes dominantes e dominadas não 'passa de roupa velha pintada de nova'. Uma Revolução é sim possível, mas com a condição de abandonar essas concepções derrotistas ou no mesmo sentido, como dizia Lenin, de jogar a roupa velha suja e vestir roupa limpa.

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