sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A CRISE CAPITALISTA E O DESESPERO POLÍTICO DAS ELITES


          Os noticiários e as analises não parecem mais abarcar a crise política e econômica vivida no país. A cada dia se deteriora o ‘pacto social’ da constituição de 1988, resultado de 21 anos de resistência à ditadura militar fascista. O fato é que as podres e reacionárias elites se viram num dilema: manter as conquistas sociais dos mais pobres e perder alguns de seus privilégios ou impor ao povo brasileiro um novo modelo social, político, econômico e institucional de uma exploração acentuada e radical.
       Essas mudanças obviamente não gozam (nem poderiam) de uma adesão uníssona dos burgueses. No entanto, a crise econômica, a qual completa 30 meses de queda acelerada de rentabilidade capitalista em quase todos os setores econômicos, lhe impôs um novo paradigma. Para salvar seu falido e insuportável sistema de produção, acentuaram as disputas políticas e institucionais; fortaleceram uma nova dinâmica do judiciário brasileiro, creditando-lhe a mascara de ‘salvadores da pátria’; impuseram um golpe fajuto contra uma presidenta eleita; mobilizaram amplas massas da classe média que hoje lhe viram as costas; desenterraram as conservadoras frases que marcaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
       Naturalmente isso não está ocorrendo sem enormes contradições. Quem poderia imaginar que o 7º homem mais rico do país estaria preso há quase 19 meses? Quem poderia imaginar que se investigariam bancos, dentre eles o maior, o Itaú? Ou as maiores construtoras seriam desmascaradas de forma tão desavergonhada? É como se viesse à luz a relação promiscua da política e seus controladores. Uma relação que assaltou os cofres públicos e fez surgir uma verdadeira ‘casta’ de milionários brasileiros, sejam eles parlamentares ou não.    
       Como num passe de mágica, o motivo pelo qual impuseram um golpe num governo legitimo agora está lhe causando transtornos. Parece que todo o sistema, escondido e malcheiroso que marcou a vida política do país está virando de cabeça pra baixo. Os grandes capitalistas necessitam de um novo arranjo para impedir suas instituições, de natureza burguesa, de virarem pó. Ora, quando o regime político e econômico que outrora, aparentemente estável, apresentou todas suas contradições; quando, por menor que fosse, num sopro de liberdade institucional trazido por um governo de conciliação nacional se abateu uma dura e profunda crise econômica, o desespero bateu as portas. A burguesia já não consegue governar. Os poderes, fieis aos interesses empresarias, já não se entendem. Nesse bojo se desmoralizam inevitavelmente.
       Para além das aparências, os ricos empresários e seu ‘modus operandi’ não suporta mais a sociedade brasileira. De um lado, os ataques contra a população sistematizados em dois grandes projetos: um novo regime de gastos sociais e a mudança na previdência social. Ambas, conquistadas após uma intensa luta de classes apregoadas na carta magna de 1988, agora prestes a serem simplesmente enterrados pelos três poderes dessa nova república, nascidos dessa mesma constituição. De outro lado, cresce o repúdio ao sistema político e econômico dos burgueses, com suas mentiras, acordos e autoritarismos.

         A população brasileira, sedenta por mais liberdade e direitos sociais, é manipulada numa luta mascarada contra a corrupção. Nunca a burguesia abrirá mão desses instrumentos. Nunca o seu regime se libertará desse mal. Para termos um regime ético é preciso acabar com o domínio dos burgueses e termos um regime popular, um novo poder: o poder dos trabalhadores. Sigamos denunciando os corruptos banqueiros e sua política; os políticos capachos; os juízes subservientes e corrompidos; as instituições falidas; enfim, o apodrecido sistema político e econômico dos capitalistas. Esse pode e será, inevitavelmente, destruído.  

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