Os noticiários e as analises não parecem mais
abarcar a crise política e econômica vivida no país. A cada dia se deteriora o ‘pacto social’ da
constituição de 1988, resultado de 21 anos de resistência à ditadura militar
fascista. O fato é que as podres e reacionárias elites se viram num dilema:
manter as conquistas sociais dos mais pobres e perder alguns de seus
privilégios ou impor ao povo brasileiro um novo modelo social, político,
econômico e institucional de uma exploração acentuada e radical.
Essas
mudanças obviamente não gozam (nem poderiam) de uma adesão uníssona dos
burgueses. No entanto, a crise econômica, a qual completa 30 meses de queda
acelerada de rentabilidade capitalista em quase todos os setores econômicos,
lhe impôs um novo paradigma. Para salvar seu falido e insuportável sistema de
produção, acentuaram as disputas políticas e institucionais; fortaleceram uma
nova dinâmica do judiciário brasileiro, creditando-lhe a mascara de ‘salvadores
da pátria’; impuseram um golpe fajuto contra uma presidenta eleita; mobilizaram
amplas massas da classe média que hoje lhe viram as costas; desenterraram as
conservadoras frases que marcaram a Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
Naturalmente
isso não está ocorrendo sem enormes contradições. Quem poderia imaginar que o
7º homem mais rico do país estaria preso há quase 19 meses? Quem poderia
imaginar que se investigariam bancos, dentre eles o maior, o Itaú? Ou as
maiores construtoras seriam desmascaradas de forma tão desavergonhada? É como
se viesse à luz a relação promiscua da política e seus controladores. Uma
relação que assaltou os cofres públicos e fez surgir uma verdadeira ‘casta’ de
milionários brasileiros, sejam eles parlamentares ou não.
Como num passe de mágica, o motivo pelo qual
impuseram um golpe num governo legitimo agora está lhe causando transtornos.
Parece que todo o sistema, escondido e malcheiroso que marcou a vida política
do país está virando de cabeça pra baixo. Os grandes capitalistas necessitam de
um novo arranjo para impedir suas instituições, de natureza burguesa, de
virarem pó. Ora, quando o regime político e econômico que outrora,
aparentemente estável, apresentou todas suas contradições; quando, por menor
que fosse, num sopro de liberdade institucional trazido por um governo de
conciliação nacional se abateu uma dura e profunda crise econômica, o desespero
bateu as portas. A burguesia já não consegue governar. Os poderes, fieis aos
interesses empresarias, já não se entendem. Nesse bojo se desmoralizam
inevitavelmente.
Para
além das aparências, os ricos empresários e seu ‘modus operandi’ não suporta
mais a sociedade brasileira. De um lado, os ataques contra a população
sistematizados em dois grandes projetos: um novo regime de gastos sociais e a
mudança na previdência social. Ambas, conquistadas após uma intensa luta de
classes apregoadas na carta magna de 1988, agora prestes a serem simplesmente
enterrados pelos três poderes dessa nova república, nascidos dessa mesma
constituição. De outro lado, cresce o repúdio ao sistema político e econômico
dos burgueses, com suas mentiras, acordos e autoritarismos.
A
população brasileira, sedenta por mais liberdade e direitos sociais, é
manipulada numa luta mascarada contra a corrupção. Nunca a burguesia abrirá mão
desses instrumentos. Nunca o seu regime se libertará desse mal. Para termos um
regime ético é preciso acabar com o domínio dos burgueses e termos um regime
popular, um novo poder: o poder dos trabalhadores. Sigamos denunciando os
corruptos banqueiros e sua política; os políticos capachos; os juízes subservientes
e corrompidos; as instituições falidas; enfim, o apodrecido sistema político e
econômico dos capitalistas. Esse pode e será, inevitavelmente, destruído.
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