quinta-feira, 22 de setembro de 2016

A REFORMA ‘DESEDUCATIVA’ DE UM GOVERNO TEMEROSO


O amedrontado Ministro da Educação

          As milhões de pessoas que foram às ruas defender a deposição de Dilma Roussef devem estar vibrando com a nova proposta de ensino médio apresentada pelo ministro golpista Mendonça Filho. Ou, até algumas delas, chorando de arrependimento. Pela visão retrógrada de boa parte da classe média e das elites, o que se pretende é ‘desideologizar’ a educação brasileira. Muitos cartazes e faixas nas manifestações apresentavam a seguinte palavra de ordem: “Chega de Doutrinação Marxista. Basta de Paulo Freire!” numa clara demonstração de histeria conservadora aliada à ignorância científico-pedagógica.
         Pior. A mudança veio por Medida Provisória. Não teria o ministro como ir debater essa proposta com os educadores nas universidades? Nas secretarias estaduais de educação pelo país afora? Na verdade, ele não poderia, pois não agüentaria as vaias. Preferiu editar um texto no seu gabinete, modificando uma metodologia de ensino que atinge milhões de jovens e suas expectativas de futuro, clarificando qual caráter tem esse governo.
Vejamos a proposta do governo temeroso. Diz ser algo novo. Bem, flexibilizar o ensino médio brasileiro e torná-lo ‘eficiente’ nada mais é da velha máxima de educar para o mercado de trabalho. Segundo a medida provisória, o currículo terá 50% de flexibilização de disciplinas conforme uma Base Nacional Curricular Comum  (BNCC) ainda em estudo pelo governo. Além disso, abre a possibilidade de modular o ensino. Em outras palavras,  poderá ser ofertando disciplinas em módulo: período em matemática, encerra-se; abre período em linguagens e códigos, encerra-se; abre período em história, e assim sucessivamente. As especificações caberão às secretarias de educação dos estados. Fica claro, que tal modelo toma como parâmetro a educação técnica e profissionalizante, tornando o ensino mais especializado e menos generalista, com a intenção de impedir o ensino mais regular de disciplinas ‘aparentemente’ menos necessárias como história, geografia, etc. Por outro lado, as próprias disciplinas profissionalizantes terão o mesmo peso das outras áreas de conhecimento.
Tem mais. Hoje, os professores são obrigados a terem diploma na área pedagógica e com especializações ascendem na carreira. A MP afirma que poderão ser lecionadas as disciplinas por “profissionais com notório saber reconhecidos pelos sistemas de ensino para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação”. O que isso quer dizer? Professores de história podem ministrar aulas de geografia, e também de filosofia; professores de matemática lecionarão física e química, etc. Sabe-se que essa realidade já existe no Brasil pela ausência de profissionais formados em várias áreas, mas agora será oficial, e piorará muito essa situação. Mais do que isso: professores serão contratados com a missão de ministrar 3 ou 4 disciplinas, diminuindo sua eficiência e precarizando as relações de trabalho dentro das escolas.
A cereja do bolo é tornar os ensinos de educação física, artes, filosofia e sociologia como ‘não obrigatórias’. Isso porque reside aí o ‘cerne’ da esquerdização estudantil. Isso mesmo. De uma canetada apenas, destruíram uma conquista de vários anos dos educadores brasileiros. O governo ilegítimo pretende arrancar a criticidade que resiste na educação brasileira de um golpe só. Faltou combinar com os educadores. Essa reforma que aguarde!

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