As notícias de assassinatos de
candidatos no pleito do próximo dia 2 de outubro são alarmantes. Já se
contabilizam 28 mortos até o momento. As acirradas disputas aliadas a um clima
de militarismo e violência crescentes têm marcado com sangue o processo eleitoral.
O caso mais emblemático foi do candidato a prefeito de Itumbiara, José Gomes (PTB),
morto numa carreata, demonstrando que a intenção do atirador não era apenas
vingança, mas repercussão pública para criar clima de terror na cidade. A
troca de tiros atingiu outras pessoas, incluindo o vice-governador de Goiás, Zé
Enilton (PSDB) que foi ferido sem grande gravidade.
O
insuspeito ministro do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, se mostrou
preocupado com o crescimento da violência, “Não temos dados seguros. Estamos
nos preocupando, sim, com esse quadro”. Completou “ Alguns candidatos são
associados ao crime organizado, o que traz uma outra preocupação, que é o crime
organizado participando do crime eleitoral, que é algo delicado”. Ele também confirmou
reforço da Força Nacional em municípios propensos a mais crimes e solicitou à
Polícia Federal uma investigação minuciosa sobre os fatos.
Um
levantamento pré-liminar do blog Nalutatododia mostra que em 30 anos, foram
mortos, pelo menos, 109 candidatos nos processos eleitorais. Os estados de São
Paulo, Rio de Janeiro, Piauí e Alagoas foram os mais letais. No Piauí, o
assassinato de prefeitos levou à criação da Associação das Viúvas de
Ex-prefeitos Assassinados para
pressionar a resolução dos casos. Apenas em 2016, o número (28) já significa mais
de 25% do total de assassinatos e o estado do Rio de Janeiro lidera o ranking
com 5 assassinatos. Embora as estatísticas não consigam precisar os motivos,
particularmente em virtude de muitos deles sequer terem sido elucidados, a
imensa maioria está ligada a motivações políticas.
Naturalmente,
nada acontece por acaso. É um fato que essas eleições rompem com uma certa
polarização política muito comum nas anteriores, bem como uma intensa
participação de candidatos das Forças Armadas e um avanço do crime organizado
nas cidades, incluindo o interior. Sem falar de um golpe parlamentar recente
que, não há dúvida, gera desestabilização política.
O
crescimento da ideologia de orientação fascista e a inserção cada vez maior da 'bandidagem' de todos os níveis dão sinais de que nossa hipócrita
democracia está na UTI.
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