segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Eduardo Cunha e a mediocridade do legislativo brasileiro

Cunha e empresários, uma aliança que deu certo

"Democracia é a forma de governo em que o povo imagina estar no poder". 
Carlos Drummond de Andrade

            Todos esperamos a cassação de Eduardo Cunha. Isso é um fato inegável. Nesse dia 12, porém, haverá 2 histórias para contar: a primeira é como Cunha chegou tão longe e segundo, quão desmoralizado ficou o parlamento brasileiro após esse período nefasto desde sua eleição para presidente da Câmara dos Deputados. Ambas podem ser contadas independentes da votação.
                Alguns tendem a achar que a culpa de Cunha é compartilhada pelos seus eleitores, os quais o levaram onde ele chegou. Essa opinião é superficial se não se levar em consideração com funciona nosso amputado e hipócrita sistema político-eleitoral. O legislativo, em todos os níveis, não tem uma eleição democrática. Só há uma aparência de democrática. Primeiramente porque as candidaturas não possuem condições iguais de disputar e, sendo, assim, a eleição é reflexo da profunda injustiça e desigualdade existente na sociedade. Segundo, porque cada vez mais nossa sociedade retrógrada volta à velha forma ‘estamental’ e patrimonialista, no qual a política é uma questão de ‘berço’. Terceiro, pelo total domínio do capital no atual processo de decisões políticas, tendo o lobby empresarial e agrário imposições que, mesmo se tentando fugir, não existe saída.
                Ora, Eduardo Cunha, mesmo uma caricatura mal-cheirosa desse sistema representativo nefasto e sua prática de chantagens e achaques explícitos, não é uma exceção. A regra é o completo controle das corporações, monopólios, sindicatos capitalistas, enfim, daqueles que detém o poder econômico. Cunha era o fiel representante dos banqueiros, entre os quais, Andre Esteves, dono do BTG Pactual. Fiel também aos ruralistas, industriais, empresários de planos de saúde e telefonia. É mais um de muitos que não são eleitos, mas compram seu mandato com recursos de terceiros, investimento que tende a retornar para seus proprietários com uma enorme lucratividade.
                É por isso que ele chegou tão longe. Nunca foi alguém querido ou admirado, mas sempre defendeu com unhas e dentes o lobby dentro do parlamento. Sua passagem que será esquecida rapidamente põe a nu nossa lástima chamada democracia. Sem Eduardo Cunha é um fato que a Câmara dos Deputados põe um pouco de desinfetante no plenário, mas, de nenhuma forma, resolve a fétida e medíocre realidade do legislativo. 

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