Cunha e empresários, uma aliança que deu certo
Carlos Drummond de Andrade
Todos esperamos a cassação de
Eduardo Cunha. Isso é um fato inegável. Nesse dia 12, porém, haverá 2 histórias
para contar: a primeira é como Cunha chegou tão longe e segundo, quão
desmoralizado ficou o parlamento brasileiro após esse período nefasto desde sua
eleição para presidente da Câmara dos Deputados. Ambas podem ser contadas
independentes da votação.
Alguns
tendem a achar que a culpa de Cunha é compartilhada pelos seus eleitores, os
quais o levaram onde ele chegou. Essa opinião é superficial se não se levar em
consideração com funciona nosso amputado e hipócrita sistema
político-eleitoral. O legislativo, em todos os níveis, não tem uma eleição
democrática. Só há uma aparência de democrática. Primeiramente porque as
candidaturas não possuem condições iguais de disputar e, sendo, assim, a
eleição é reflexo da profunda injustiça e desigualdade existente na sociedade.
Segundo, porque cada vez mais nossa sociedade retrógrada volta à velha forma ‘estamental’
e patrimonialista, no qual a política é uma questão de ‘berço’. Terceiro, pelo
total domínio do capital no atual processo de decisões políticas, tendo o lobby
empresarial e agrário imposições que, mesmo se tentando fugir, não existe
saída.
Ora,
Eduardo Cunha, mesmo uma caricatura mal-cheirosa desse sistema representativo
nefasto e sua prática de chantagens e achaques explícitos, não é uma exceção. A
regra é o completo controle das corporações, monopólios, sindicatos
capitalistas, enfim, daqueles que detém o poder econômico. Cunha era o fiel
representante dos banqueiros, entre os quais, Andre Esteves, dono do BTG
Pactual. Fiel também aos ruralistas, industriais, empresários de planos de
saúde e telefonia. É mais um de muitos que não são eleitos, mas compram seu
mandato com recursos de terceiros, investimento que tende a retornar para seus
proprietários com uma enorme lucratividade.
É
por isso que ele chegou tão longe. Nunca foi alguém querido ou admirado, mas
sempre defendeu com unhas e dentes o lobby dentro do parlamento. Sua passagem
que será esquecida rapidamente põe a nu nossa lástima chamada democracia. Sem Eduardo
Cunha é um fato que a Câmara dos Deputados põe um pouco de desinfetante no
plenário, mas, de nenhuma forma, resolve a fétida e medíocre realidade do legislativo.
Agora tenho mais certeza do fracasso da democracia burguesa
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