idosa chinesa dorme ao lado da riqueza crescente
Até bem
pouco tempo se estampavam manchetes sobre as conquistas ou peripécias, ou até
mesmo, as novidades da expansão do novo capitalismo na China. Sob a bandeira de
um novo ciclo de desenvolvimento, eram apresentados os fluxos de investimentos
estrangeiros crescentes dos capitais das empresas chinesas, a expansão de seus
voluptuosos benefícios para os habitantes daquelas nações escolhidas.
Investimentos nas mais diversas áreas, trazendo uma ‘nova’ e ‘pretensa’ rede de
desenvolvimento para o maculado e venenoso capital das pobres nações. Aqui no
Brasil, duas multinacionais chinesas, por exemplo, abocanharam o Pré-sal
através de uma falsa licitação. Nada mais do que a velha publicidade para nos
fazer acreditar em um novo mundo.
Assim como a Inglaterra foi um
atrativo investidor nas nações colonizadas e impediu a continuidade do comercio
escravista que outrora fora seu financiador; assim como os novos capitais
norte-americanos surgiram e cresceram para questionar o ‘velho colonialismo
inglês’ em decadência e suas ‘antigas práticas’ para dar lugar ao eficiente
estilo ianque; vemos passar pelos nossos olhos o domínio quase repetido dessa
realidade nesse século XXI. Da aliança do Estado, antes protetor da população
sob o regime socialista, com o grande capital internacional fez-se surgir o
‘grande capital chinês’, agora sedento de novos caminhos, na busca de
hegemonizar o planeta.
Por trás do teatro econômico se travam grandes
batalhas pelo Capital. Nos bastidores se consolida um novo Império. Aqui e
agora, sem armas. Mas, por pouco tempo. Ao se tornar um exportador de capitais,
os capitalistas chineses, sendo pertencentes ao Estado ou aos grandes
milionários privados, vão se movendo e dominando as companhias,
matérias-primas, comércio, enfim, impondo seu poder aos seus fracos oponentes.
Como bem dizia Lenin, “O que
caracterizava o velho capitalismo, no qual dominava plenamente a livre
concorrência, era a exportação de mercadorias. O que caracteriza o capitalismo
moderno, no qual impera o monopólio, é a exportação de capital”. E completa: “A exportação de capitais repercute-se no desenvolvimento do
capitalismo dentro dos países em que são investidos, acelerando-o
extraordinariamente. Se, em consequência disso, a referida exportação pode, até
certo ponto, ocasionar uma estagnação do desenvolvimento nos países
exportadores, isso só pode ter lugar em troca de um alargamento e de um
aprofundamento maiores do desenvolvimento do capitalismo em todo o mundo”. Por
fim, “Os países que exportam capitais podem quase sempre obter certas
"vantagens", cujo caráter lança luz sobre as particularidades da
época do capital financeiro e do monopólio”.
Até 2002, a abertura da economia chinesa voltara-se para a atração
de capitais e ampliação da eficiência de sua economia, assim como a exportação
de produtos manufaturados de baixa ou média complexidade tecnológica. Ora, as
disputas pelo comércio mundial lhe impôs uma necessidade para sua crescente
produção industrial: o investimento nas nações que lhe vendem matérias-primas
para obtenção de vantagens, tal qual lenin nos expunha há quase cem anos atrás.
Agora, com a intensa crise vivida pelo moribundo modo de produção capitalista,
qual a saída, para o capital chinês super acumulado nesse período de abertura
com imensos subsídios do Estado?
Sem dúvida, a exportação de capitais. Agora, as aquisições,
fusões, aplicações financeiras em outros países obrigam esses a negociarem com
o grande capital chinês. Entre 2002 e 2012, a China multiplicou 33 vezes o
volume de capitais aplicados em todo o planeta. Em 2011, em pleno turbilhão da
crise, os capitais chineses migraram para 80 países.Adquiriu companhias enormes
em todos os continentes e, segundo estudo o próprio governo chinês, pretende
até 2020 investir US$ 800 bilhões nos países.
Nessa disputa, a resistência dos EUA ainda é muito grande. Embora o
quadro dê a perspectiva de uma nova relação entre os países no que diz respeito
à exportação de capitais, muita água ainda tem que rolar. Os EUA, principal
exportador de capitais, possui ATIVOS da ordem de US$ 21 trilhões aplicados no
planeta, o que lhe garante alto retorno financeiro para metrópole e os investimentos
regulares de US$ 700 bilhões anuais. O volume de capitais estrangeiros nos EUA
já é de US$ 26 trilhões. Tal realidade, garante uma clara hegemonia aos
norte-americanos. Embora, por pouco tempo.
É bom lembrar o que está nascendo e o que está morrendo. Boa parte
desses ativos que circulam nos EUA é de propriedade de bancos chineses. A China
é o maior credor dos títulos públicos norte-americanos, detendo aproximadamente
US$ 1,4 trilhão, o que lhe coloca em posição especial. Fora isso, possui uma
poupança interna de US$ 4 trilhões. Isso significa que se o mercado financeiro,
hoje ainda controlado pelo governo chinês, se abrir para uma maior rapidez das
exportações desses capitais, esse volume necessariamente pode se multiplicar em
5 ou 6 vezes*, multiplicando os ativos chineses e impondo seu poder ao
decadente, mas ainda poderoso, CAPITAL norte-americano.
Mas, surge uma pergunta: que significa a mudança do poderio
norte-americano para o chinês? Disputa acirrada, guerras, pilhagens,
mais exploração. Não há nenhum indicativo de mudança do capitalismo. Muitos até
abençoam, acreditando numa mudança. Ledo engano. Qualquer imperialismo, ao se
consolidar será o protetor das multinacionais, lembrando exatamente a superexploração
sofrida atualmente pelos chineses.
No capitalismo, não há caminhos para a paz e igualdade. Prova
disso é que o próprio governo chinês aumentou em mais de 80% os gastos
militares nos últimos dez anos. Para defesa? Nem tanto. Os vintes anos futuros
marcarão o capitalismo. Tomara que os povos tomem consciência dessa excrecência
humana e ponham fim, colocando o CAPITALISMO, como afirmou muito bem Karl Marx,
“ao lado do machado de bronze e da roda”, num Museu, mas sem nenhuma novidade.
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