segunda-feira, 26 de setembro de 2016

O CAPITALISMO CHINÊS E O SEU MUSEU DE GRANDES NOVIDADES!

idosa chinesa dorme ao lado da riqueza crescente

          Até bem pouco tempo se estampavam manchetes sobre as conquistas ou peripécias, ou até mesmo, as novidades da expansão do novo capitalismo na China. Sob a bandeira de um novo ciclo de desenvolvimento, eram apresentados os fluxos de investimentos estrangeiros crescentes dos capitais das empresas chinesas, a expansão de seus voluptuosos benefícios para os habitantes daquelas nações escolhidas. Investimentos nas mais diversas áreas, trazendo uma ‘nova’ e ‘pretensa’ rede de desenvolvimento para o maculado e venenoso capital das pobres nações. Aqui no Brasil, duas multinacionais chinesas, por exemplo, abocanharam o Pré-sal através de uma falsa licitação. Nada mais do que a velha publicidade para nos fazer acreditar em um novo mundo.
            Assim como a Inglaterra foi um atrativo investidor nas nações colonizadas e impediu a continuidade do comercio escravista que outrora fora seu financiador; assim como os novos capitais norte-americanos surgiram e cresceram para questionar o ‘velho colonialismo inglês’ em decadência e suas ‘antigas práticas’ para dar lugar ao eficiente estilo ianque; vemos passar pelos nossos olhos o domínio quase repetido dessa realidade nesse século XXI. Da aliança do Estado, antes protetor da população sob o regime socialista, com o grande capital internacional fez-se surgir o ‘grande capital chinês’, agora sedento de novos caminhos, na busca de hegemonizar o planeta.
    Por trás do teatro econômico se travam grandes batalhas pelo Capital. Nos bastidores se consolida um novo Império. Aqui e agora, sem armas. Mas, por pouco tempo. Ao se tornar um exportador de capitais, os capitalistas chineses, sendo pertencentes ao Estado ou aos grandes milionários privados, vão se movendo e dominando as companhias, matérias-primas, comércio, enfim, impondo seu poder aos seus fracos oponentes. Como bem dizia Lenin, “O que caracterizava o velho capitalismo, no qual dominava plenamente a livre concorrência, era a exportação de mercadorias. O que caracteriza o capitalismo moderno, no qual impera o monopólio, é a exportação de capital”. E completa: “A exportação de capitais repercute-se no desenvolvimento do capitalismo dentro dos países em que são investidos, acelerando-o extraordinariamente. Se, em consequência disso, a referida exportação pode, até certo ponto, ocasionar uma estagnação do desenvolvimento nos países exportadores, isso só pode ter lugar em troca de um alargamento e de um aprofundamento maiores do desenvolvimento do capitalismo em todo o mundo”. Por fim, “Os países que exportam capitais podem quase sempre obter certas "vantagens", cujo caráter lança luz sobre as particularidades da época do capital financeiro e do monopólio”.
Até 2002, a abertura da economia chinesa voltara-se para a atração de capitais e ampliação da eficiência de sua economia, assim como a exportação de produtos manufaturados de baixa ou média complexidade tecnológica. Ora, as disputas pelo comércio mundial lhe impôs uma necessidade para sua crescente produção industrial: o investimento nas nações que lhe vendem matérias-primas para obtenção de vantagens, tal qual lenin nos expunha há quase cem anos atrás. Agora, com a intensa crise vivida pelo moribundo modo de produção capitalista, qual a saída, para o capital chinês super acumulado nesse período de abertura com imensos subsídios do Estado?
Sem dúvida, a exportação de capitais. Agora, as aquisições, fusões, aplicações financeiras em outros países obrigam esses a negociarem com o grande capital chinês. Entre 2002 e 2012, a China multiplicou 33 vezes o volume de capitais aplicados em todo o planeta. Em 2011, em pleno turbilhão da crise, os capitais chineses migraram para 80 países.Adquiriu companhias enormes em todos os continentes e, segundo estudo o próprio governo chinês, pretende até 2020 investir US$ 800 bilhões nos países.
Nessa disputa, a resistência dos EUA ainda é muito grande. Embora o quadro dê a perspectiva de uma nova relação entre os países no que diz respeito à exportação de capitais, muita água ainda tem que rolar. Os EUA, principal exportador de capitais, possui ATIVOS da ordem de US$ 21 trilhões aplicados no planeta, o que lhe garante alto retorno financeiro para metrópole e os investimentos regulares de US$ 700 bilhões anuais. O volume de capitais estrangeiros nos EUA já é de US$ 26 trilhões. Tal realidade, garante uma clara hegemonia aos norte-americanos. Embora, por pouco tempo.
É bom lembrar o que está nascendo e o que está morrendo. Boa parte desses ativos que circulam nos EUA é de propriedade de bancos chineses. A China é o maior credor dos títulos públicos norte-americanos, detendo aproximadamente US$ 1,4 trilhão, o que lhe coloca em posição especial. Fora isso, possui uma poupança interna de US$ 4 trilhões. Isso significa que se o mercado financeiro, hoje ainda controlado pelo governo chinês, se abrir para uma maior rapidez das exportações desses capitais, esse volume necessariamente pode se multiplicar em 5 ou 6 vezes*, multiplicando os ativos chineses e impondo seu poder ao decadente, mas ainda poderoso, CAPITAL norte-americano.
Mas, surge uma pergunta: que significa a mudança do poderio norte-americano para o chinês? Disputa acirrada, guerras, pilhagens, mais exploração. Não há nenhum indicativo de mudança do capitalismo. Muitos até abençoam, acreditando numa mudança. Ledo engano. Qualquer imperialismo, ao se consolidar será o protetor das multinacionais, lembrando exatamente a superexploração sofrida atualmente pelos chineses.

No capitalismo, não há caminhos para a paz e igualdade. Prova disso é que o próprio governo chinês aumentou em mais de 80% os gastos militares nos últimos dez anos. Para defesa? Nem tanto. Os vintes anos futuros marcarão o capitalismo. Tomara que os povos tomem consciência dessa excrecência humana e ponham fim, colocando o CAPITALISMO, como afirmou muito bem Karl Marx, “ao lado do machado de bronze e da roda”, num Museu, mas sem nenhuma novidade. 

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