Pra
quem não sabe a operação Zelotes (nome em homenagem ao movimento do século I
daqueles que zelam pelo nome de Deus), que investiga crimes de sonegação fiscal
de dezenas de grandes empresas e envolve também o Sr. Augusto Nardes do
Tribunal de Contas da União, responsável pela desaprovação das contas de Dilma,
surgiu a partir de uma carta anônima. Isso mesmo! Um envelope pardo deixado na
sede da polícia federal contendo nomes, datas, empresas e possíveis valores de
propina para funcionários do Carf (Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais), órgão responsável por analisar pedidos de revisão de cobranças
tributárias.
Nunca se cogitou investigar quem
deixou a carta. Provavelmente um arrependido, ungido pela santa consciência ou
enganado dentro do próprio esquema, quando outros mais espertos lhe ‘passaram a
perna’. Ora, pela cor do envelope e a analise física de todos os papeis somente
Sherlock Holmes seria capaz de descobrir quem tomou essa
decisão.
Essa cartinha, tal qual aquelas
escritas para o papai Noel, conseguiu apontar junto com o desenrolar das
investigações o envolvimento de empresas de grande porte: Bradesco, Itaipava,
Gerdau, Banco Safra, RBS (afiliada da rede globo no Rio Grande do Sul), Ford,
Mitsubishi, Anfavea (Associação dos Produtores de Veículos), Santander, e mais
outras tantas. Os valores podem passar de R$ 20 bilhões sonegados da Receita
Federal. O esquema era quase o mesmo para todos: contratavam uma empresa,
escritório de advocacia, contestavam os valores pagos ao fisco e depois
subornavam os funcionários do CARF através dos advogados. Algo absolutamente seguro
até chegar o ministro da presidenta, hoje deposta, que deixou a Polícia Federal
receber ‘envelopezinho de denuncias’ e investigá-las.
De qualquer forma, temos mais uma
importante CARTA para nossa história. A impressão que a intenção foi nos
salvar, pelo menos um pouco, dessa corrupção desenfreada dos empresários.
Segue
abaixo uma pequena parte de outra, escrita bem antes, mas talvez não na mesma direção, nas
palavras de Pero Vaz de Caminha ao encontrar nossas terras, os povos
originários e recomendar ao Rei de Portugal: “E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á
nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode
fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal
semente que Vossa Alteza em ela deve lançar- 1 de maio de 1500”.
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