terça-feira, 13 de setembro de 2016

Quem escreveu a carta da Operação Zelotes?

       Pra quem não sabe a operação Zelotes (nome em homenagem ao movimento do século I daqueles que zelam pelo nome de Deus), que investiga crimes de sonegação fiscal de dezenas de grandes empresas e envolve também o Sr. Augusto Nardes do Tribunal de Contas da União, responsável pela desaprovação das contas de Dilma, surgiu a partir de uma carta anônima. Isso mesmo! Um envelope pardo deixado na sede da polícia federal contendo nomes, datas, empresas e possíveis valores de propina para funcionários do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão responsável por analisar pedidos de revisão de cobranças tributárias.
            Nunca se cogitou investigar quem deixou a carta. Provavelmente um arrependido, ungido pela santa consciência ou enganado dentro do próprio esquema, quando outros mais espertos lhe ‘passaram a perna’. Ora, pela cor do envelope e a analise física de todos os papeis somente Sherlock Holmes seria capaz de descobrir quem tomou essa decisão.
            Essa cartinha, tal qual aquelas escritas para o papai Noel, conseguiu apontar junto com o desenrolar das investigações o envolvimento de empresas de grande porte: Bradesco, Itaipava, Gerdau, Banco Safra, RBS (afiliada da rede globo no Rio Grande do Sul), Ford, Mitsubishi, Anfavea (Associação dos Produtores de Veículos), Santander, e mais outras tantas. Os valores podem passar de R$ 20 bilhões sonegados da Receita Federal. O esquema era quase o mesmo para todos: contratavam uma empresa, escritório de advocacia, contestavam os valores pagos ao fisco e depois subornavam os funcionários do CARF através dos advogados. Algo absolutamente seguro até chegar o ministro da presidenta, hoje deposta, que deixou a Polícia Federal receber ‘envelopezinho de denuncias’ e investigá-las.
            De qualquer forma, temos mais uma importante CARTA para nossa história. A impressão que a intenção foi nos salvar, pelo menos um pouco, dessa corrupção desenfreada dos empresários.
Segue abaixo uma pequena parte de outra, escrita bem antes, mas talvez não na mesma direção, nas palavras de Pero Vaz de Caminha ao encontrar nossas terras, os povos originários e recomendar ao Rei de Portugal: “E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar- 1 de maio de 1500”.

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