domingo, 11 de setembro de 2016

MILITARIZAÇÃO DA POLÍTICA É UMA REALIDADE INCONVENIENTE?

Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo que acredito não me tape os ouvidos e a boca.

Foto de membros do Tenentismo, último movimento nacionalista
que morreu com a ditadura militar.


Todos nós em algum momento, tomados pelo medo ou pela insegurança, agimos ou agiremos instintivamente. É necessário, no entanto, compreender nossos próprios sentimentos e tentar controlá-los. Ao transpor à vida política o temor individual e coletivo, o perigo se torna muito maior, pois a mobilização social dela resultante poderá causar grandes males. Mais do que isso: explorar esse sentimento sem explicá-lo é também absurdo e autodestrutivo.
Um exemplo do medo e inseguranças sociais aliado à vida política é a quantidade de policiais civis, militares e federais eleitos pelo país. Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2014 eles conquistaram 55 cadeiras nas assembléias estaduais e na Câmara Federal. No Ceará, no próximo dia 2 de outubro 196 policiais ou ex-militares disputarão vagas de vereadores em todo o estado. Policiais disputarão prefeituras em Fortaleza, Rio de Janeiro, Belém e Goiânia. Fora isso, militares recolhem assinaturas para formalizar o Partido Militar do Brasil.
Dizem alguns que esse movimento também ocorre com a desmoralização dos partidos corruptos. Sem dúvida há uma influencia nisso. Ou será que a academia militar se transformou num celeiro de novos políticos e gestores públicos?
Dois problemas fundamentais nascem disso: 1) um movimento político desse tipo é diferente dos demais na medida em que seus representantes e sua base social estão armados; 2) uma ideologia propriamente militar nacionalista que embalou outros movimentos no passado não existe mais desde as reformas promovidas na educação militar durante a ditadura. O que resta agora é um arremedo de neoliberalismo sub – estatista aliado a um pseudo-moralismo cristão, bastante parecido, embora com nova roupagem, do fascismo europeu.
Entretanto, é muito inconveniente, mesmo numa democracia tão falsa como a nossa, a política ser espaço para um discurso autoritário escondido sob uma falaciosa base moral. Prestemos bastante atenção, não nos enganemos. Nada é por acaso!

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